Desistência dos JASC???

             Acompanhando as notícias durante a semana que está se encerrando, fiquei estarrecido, como a maioria da população caçadorense, com a notícia da intenção de cancelamento dos Jogos Abertos de Santa Catarina em nossa cidade. 

             Pude observar, ler e ponderar sobre diversas opiniões emitidas sobre o assunto, desde o cidadão comum, o atleta e dirigente diretamente envolvido no evento, lideranças empresariais, lideranças de associações e representantes políticos de nossa cidade. Permitam-me também expressar a minha opinião. 

             Tinha a intenção de não me manifestar sobre este assunto, uma vez que não estava e não estou diretamente envolvido com o evento, pessoal ou profissionalmente. No entanto, ao ponderar sobre a grandeza e o alcance de um evento desta natureza, pude constatar que toda a cidade de Caçador ESTÁ SIM envolvida nesta questão. 

             A realização de eventos semelhantes é algo disputado “a tapa” pelos municípios, dada a projeção, visibilidade e destaque que são oferecidos. No entanto, a movimentação econômica que estes eventos trazem é o que realmente faz com que os municípios queiram, desejem e pleiteiem ser a cidade sede. 

          Sabemos de exemplos de estabelecimentos que já estavam com as tratativas adiantadas para o aluguel de seus espaços para servir de instalações e refeitórios a suas delegações. O comércio já começava a preparar-se para o incremento de movimento em suas lojas, a estrutura da cidade começava a movimentar as engrenagens do desenvolvimento, com investimentos, contratações e obras, que se fariam sentir não apenas no período dos jogos, mas sim nos meses e anos vindouros. 

           Parece-me tacanha e desprovida de visão de conjunto a afirmativa de que, em o Governo do Estado não investindo o dinheiro já investido em outras edições dos Jogos, inviabiliza-se a realização dos mesmos. Quanto dinheiro a mais seria movimentado na economia de Caçador? Obras de infraestrutura contratam pessoas. Ginásios, quadras e locais de competição necessitam de funcionários para sua limpeza. Os carrinhos de pipoca, vendedores ambulantes também têm seu faturamento aumentado com as concentrações de pessoas. O meu ponto de vista é que não apenas o comércio formal e estabelecido tem a ganhar com estes eventos, mas toda a população. 

             Aos que podem pensar como “elitista” a realização de eventos esportivos e que argumentam que “pobre quer escola e saúde”, digo que aquilo que a população quer e merece são oportunidades de crescimento e desenvolvimento com dignidade e não apenas uma mão assistencialista do governo, seja federal, estadual ou municipal. 

            Que se busquem por todos os meios os recursos. Certamente temos força política para isto. Um Secretário de Estado pode ser útil nesta negociação. Nosso Deputado Estadual, que já realizou os Jogos quando prefeito de Caçador, também pode entrar na briga. Parcerias com a iniciativa privada, da mesma forma, podem ser buscadas. Esgotadas as possibilidades, que se façam os Jogos compatíveis com os recursos disponíveis. O que não se pode admitir é que, ao existirem sinais de dificuldade, simplesmente se “jogue a toalha”. 

             Esta atitude, independentemente de cores partidárias, me parece muito com uma situação de que: “não fui eu quem inventou esta coisa, nem serei eu quem terei benefícios com ela, por que vou realizá-la?”. 

             Tomar semelhante atitude, uma semana depois de ter sido preterido por seu partido político para o pleito eleitoral de outubro, depõe contra o Prefeito Imar Rocha. 

           Poucas vezes se consegue ter a percepção suficiente para ver a história sendo escrita nos fatos do presente. Entretanto, com pouquíssimo tempo de análise, já podemos, todos, perceber o quão perniciosos e maléficos foram para a cidade os dois fatos políticos ocorridos no ano passado, a Cassação do Prefeito e a Eleição Indireta. A perda de continuidade em planos, trabalhos e projetos é algo que trará ainda severas conseqüências para toda a cidade. 
  
          Todavia, ainda é tempo. De minha parte procurarei reunir-me com as lideranças empresariais, de associações, políticas, desportivas de nossa cidade e fazermos pressão para que a oportunidade tão duramente trabalhada e conquistada da realização dos JASC não seja perdida. Em toda a história dos Jogos, as únicas vezes em que houve uma desistência do município sede foram por motivos de força maior, como os desastres naturais a que todos estamos sujeitos. Agora, totalmente diferente é desistir simplesmente pela falta de coragem para enfrentar desafios. 

            Se você também tem vergonha de participar, compactuar ou calar diante de tamanho despropósito, junte-se a nós nesta luta.

           Um abraço,   


Dr. Alencar Mendes